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5 Exemplos de Autobiografia: Saiba como Fazer Uma!

Em uma autobiografia, o autor do texto narra a sua própria história. Confira exemplos de autobiografias para se inspirar e fazer a sua, assim como nomes famosos mundialmente possuem suas autobiografias, a exemplo de Barack Obama e Charles Chaplin. São histórias que inspiram os leitores e mostram todos os altos e baixos de uma carreira de sucesso.

O que é uma Autobiografia

Não é preciso ser famoso para fazer uma autobiografia, muito menos escrever um livro inteiro – a autobiografia também pode ser curta.
 
Ela é considerada tanto um gênero textual que utiliza o texto narrativo, já que os acontecimentos reais são narrados em ordem cronológica, quanto um gênero literário, caso inclua, também, acontecimentos fictícios em meio à narrativa.

Características de uma Autobiografia

Na autobiografia, o escritor é, também, o protagonista. Para fazer sua autobiografia, é preciso planejamento e seleção dos principais acontecimentos da sua vida, não esquecendo dos dados pertinentes a esses acontecimentos, como datas e nomes de pessoas e locais. Suas características incluem:

  • Narração dos acontecimentos da vida do autor em ordem cronológica;
  • Uso de pronomes pessoais na primeira pessoa: eu/nós/comigo;
  • Uso de pronomes possessivos na primeira pessoa: meu/minhas/nosso;
  • Uso de verbos no passado;
  • Uso de advérbios de tempo: depois/antes/doravante/antigamente;
  • Uso de locuções adverbiais.

Exemplos de Autobiografia

Confira agora alguns exemplos de trechos de autobiografias!

1. Trechos da Autobiografia de Lázaro Ramos

“Eu nasci em 01 de novembro de 1978 e cresci em meio ao cenário pobre, porém, fui rico em cultura na periferia de Salvador. Foi justamente ali que descobriram meu talento e chegaria a ocupar seu lugar no meio artístico.
 
Com apenas 10 anos de idade aprendi teatro na escola e já me apresentava como ator mirim em eventos escolares. Não demorou muito e engajei-me no projeto Bando do Teatro Olodum que integrava jovens às artes cênicas através do teatro e cinema. O grupo teatral era formado por atores negros e era dirigido por Márcio Meirelles que sempre notou o meu talento nato.
 
Neste tempo, eu era aprendiz de artes cênicas e futuro ator global. Me dividia entre um laboratório de análises clínicas onde trabalhava para ajudar a sustentar a casa, haja vista, ser filho único e minha mãe estar doente.
 
Hoje, sou um ator, apresentador, cineasta e escritor de literatura infantil brasileiro, que iniciei a carreira artística no Bando de Teatro Olodum. Durante os anos de 1998 a 2002, fui âncora do Fantástico.
 
Ganhei notoriedade ao interpretar João Francisco dos Santos no filme Madame Satã (2002). Fui indicado ao Emmy (2007) de melhor ator por minha interpretação na novela Cobras & Lagartos, como Foguinho. Ao passar em testes pela Rede Globo para o papel de Foguinho na novela Cobras e Lagartos, ganhei a
simpatia nacional e diziam que eu era um fenômeno.
 
A novela levada ao ar em 2007 garantiu-me uma indicação ao Emmy por minha excelente interpretação. Mas para chegar até o ano de 2007 e a uma novela da Globo tive que fazer diversas peças: desde 1993 quando na peça A Máquina ganhou notoriedade no eixo Rio – São Paulo. Foi justamente desta época que me aproximou de grandes atores e diretores.
 
Antes de chegar à novela Cobras e Lagartos, a minha estreia foi na microssérie Pastores da Noite que me rendeu elogios dos principais diretores globais. Ao juntar-me a Wagner Moura, Lúcio Mauro Filho e outros atores da emissora. O papel, assim como os demais, se dividia em interpretar um homem e uma mulher. Ficou marcante pelo bom humor e tirava risadas durante as suas atuações.
 
Sou um ativista dos Direitos Humanos e de conscientização contra o racismo. Casado com a atriz Taís Araújo, tenho dois filhos: João Vicente de Araújo Ramos e Maria Antônia. Em 2013, eu e minha a esposa voltamos a contracenar juntos no filme Acorda Brasil, em 2014 em Geração Brasil e em 2015 em Mister Brau.”

 
2. Trecho da autobiografia de Malala Yousafzay. Aos 17 anos, em 2014, a paquistanesa foi a mais jovem vencedora do Nobel da Paz, 2 anos após ser baleada na cabeça pelo Talibã por lutar pelo direito à escolarização das mulheres e sobreviver.

“No dia em que nasci, as pessoas da nossa aldeia tiveram pena de minha mãe, e ninguém deu os parabéns a meu pai. Vim ao mundo durante a madrugada, quando a última estrela se apaga. Nós, pachtuns, consideramos esse um sinal auspicioso. Meu pai não tinha dinheiro para o hospital ou para uma parteira; então uma vizinha ajudou minha mãe. O primeiro bebê de meus pais foi natimorto, mas eu vim ao mundo chorando e dando pontapés. Nasci menina num lugar onde rifles são disparados em comemoração a um filho, ao passo que as filhas são escondidas atrás de cortinas, sendo seu papel na vida apenas fazer comida e procriar.
 
Para a maioria dos pachtuns, o dia em que nasce uma menina é considerado sombrio. O primo de meu pai, Jehan Sher Khan Yousafzai, foi um dos poucos a nos visitar para celebrar meu nascimento e até mesmo nos deu uma boa soma em dinheiro. Levou uma grande árvore genealógica que remontava até meu trisavô, e que mostrava apenas as linhas de descendência masculina.
 
Meu pai, Ziauddin, é diferente da maior parte dos homens pachtuns. Pegou a árvore e riscou uma linha a partir de seu nome, no formato de um pirulito. Ao fim da linha escreveu “Malala”. O primo riu, atônito. Meu pai não se importou. Disse que olhou nos meus olhos assim que nasci e se apaixonou. Comentou com as pessoas: “Sei que há algo diferente nessa criança”. Também pediu aos amigos para jogar frutas secas, doces e moedas em meu berço, algo reservado somente aos meninos.
[…]
Vivíamos em Mingora, o maior município do vale — a única cidade da região. Em outros tempos era um lugar pequeno, mas muita gente acabou mudando para lá, vinda das vilas das redondezas. Então Mingora se tornou populosa e suja. Foram construídos hotéis, universidades, um campo de golfe e um mercado famoso, onde se podem comprar nossas tradicionais rendas, pedras preciosas e tudo o que se possa imaginar.
[…]”
Eu Sou Malala, 2013.

 
3. Trecho da autobiografia de Frederick Douglass, intitulada “Autobiografia de um escravo”: a luta de Frederick Douglass, publicado originalmente em 1845.

“Nasci em Tuckahoe, perto de Hillsborough, a cerca de 12 milhas de Easton, no condado de Talbot, Maryland. Não tenho conhecimento preciso de minha idade, nunca vi qualquer registro autêntico que a contivesse. A maior parte dos escravos sabe tão pouco de sua idade quanto os cavalos sabem a deles, e é o desejo da maioria dos senhores que conheço manter seus escravos ignorantes. Não me lembro de ter alguma vez encontrado um escravo que pudesse dizer o dia de seu aniversário. Eles raramente chegam mais próximo dele do que na época de plantio, na época da colheita, na época da cereja, na primavera ou no outono. A falta de informação a respeito de meu próprio aniversário era uma fonte de infelicidade para mim até mesmo durante minha infância. As crianças brancas podiam contar sua idade. Eu não conseguia entender por que eu deveria ser privado do mesmo privilégio. Não me era permitido fazer qualquer pergunta a meu senhor a esse respeito. Ele considerava todas essas perguntas da parte de um escravo impróprias e impertinentes, e evidência de um espírito inquieto. A estimativa mais próxima que posso dar diz que, atualmente, tenho entre 27 e 28 anos. Chego a isso por ter ouvido meu senhor dizer, por volta de 1835, que eu tinha cerca de 17 anos.
 
Minha mãe se chamava Harriete Bailey. Ela era filha de Isaac e Betsey Bailey, ambos de cor, e bastante escuros. Minha mãe era de compleição mais escura tanto do que minha avó quanto do meu avô.
 
Meu pai era um homem branco. Suponho que ele o fosse por tudo que ouvi a respeito de meu parentesco. Também era sussurrada a opinião de que meu senhor era meu pai; mas da correção dessa opinião eu nada sei; os meios de sabê-lo me foram negados. Minha mãe e eu fomos separados quando eu era apenas um bebê – antes de eu conhecê-la como minha mãe. Era um costume comum, na região de Maryland de onde eu fugi, separar crianças de suas mães em uma idade bastante precoce. Com frequência, antes que a criança complete seu décimo segundo mês, sua mãe lhe é tirada e é levada a trabalhar em alguma fazenda a considerável distância; e a criança é colocada sob os cuidados de uma mulher idosa, velha demais para o trabalho no campo. Para que é feita essa separação eu não sei, a não ser que seja para evitar o desenvolvimento da afeição da criança por sua mãe, e para embotar e destruir a afeição natural da mãe por sua cria. Esse é o resultado inevitável.”
 
Fonte: Nexo Jornal.

 
4. Trecho da autobiografia de Oliver Sacks, intitulada “Sempre em movimento”:

“O ano de 1951 foi movimentado e, em alguns aspectos, doloroso. Minha tia Birdie, que fora presença constante na minha vida, morreu no mês de março; ela morava conosco desde que eu nasci e amava incondicionalmente a todos nós. (Birdie era uma mulherzinha miúda e de inteligência modesta, a única em tanta desvantagem entre as irmãs e os irmãos da minha mãe. Eu nunca soube muito bem o que acontecera com ela quando pequena; falavam de uma lesão na cabeça quando bebê, mas também de uma deficiência congênita da tireoide. Nada disso tinha importância para nós; era a titia Birdie, parte essencial da família.) A morte de Birdie me afetou profundamente e talvez só então percebi como ela estava entrelaçada à minha vida, a todas as nossas vidas. Uns meses antes, quando consegui uma bolsa em Oxford, foi ela quem me entregou o telegrama, me abraçou e me deu os parabéns — derramando algumas lágrimas também, pois sabia que isso significava que eu, o seu sobrinho mais novo, iria sair de casa.
 
Eu devia ir para Oxford no final do verão. Acabara de fazer dezoito anos, e meu pai pensou que era o momento de ter uma conversa de pai para filho, de homem para homem. Falamos de dinheiro e mesadas — nada demais, pois meus hábitos eram muito frugais e minha única extravagância eram os livros. E então meu pai passou ao que realmente o preocupava.
 
‘Parece que você não tem muitas namoradas’, disse ele. ‘Você não gosta de garotas?’
 
‘Tudo bem com elas’, respondi, querendo que a conversa parasse por ali.
 
‘Prefere garotos, talvez?’, insistiu ele.
 
‘É, prefiro, mas é só uma sensação, nunca ‘fiz’ nada”, e então acrescentei, temeroso, ‘Não conte para mamãe: ela não aceitaria.”

 
5. Trechos da Autobiografia de Pelé, intitulada “Pelé, a Autobiografia”:

NAMORADA SUECA
“As mulheres suecas nos amavam [na Copa de 58], especialmente os jogadores negros. Imagino que éramos algo novo, e todas as garotas de 14 e 15 anos me assediavam. (…) Essas garotas queriam apenas os “crioulinhos”. Elas diziam que éramos belos! Eu mesmo tive um casinho com uma bela garota chamada Ilena, que ficou fascinada pela minha pele negra, assim como eu fiquei com seus olhos azuis e cabelos loiros. Tivemos também a chance de irmos juntos pescar, o que eu adorei. Era calmo e quieto, e meus pensamentos podiam soar… Sonhando com um joelho melhor [chegou machucado e se recuperou durante a Copa], sonhando em jogar…”
 
PSICÓLOGO PERTURBADO –
“Havia, porém, outro obstáculo [além da contusão]. Como parte de nossa preparação, o psicólogo do time, dr. João Carvalhaes, conduziu testes com todos os jogadores. (…) “Pelé é evidentemente infantil. Falta-lhe o necessário espírito de luta”. Ele também deu conselho sobre Garrincha, que não era visto como responsável o bastante. Felizmente para mim e Garrincha, Feola sempre foi guiado por seus instintos, e ele apenas acenou ameaçadoramente para o psicólogo, dizendo: “Você pode estar certo. A questão é que você não entende de futebol. Se o joelho de Pelé está bom, ele jogará”.”
 
O PESADELO DE EDINHO –
“Edinho (…) estava sendo tratado como um monstro, excluído da sociedade, como se fosse algum perverso que poderia machucar o mundo. Senti vergonha, medo, dúvida, tristeza e ódio e tive pensamentos malucos, querendo ter os poderes de um Homem-Aranha ou de um Super-Homem para mudar o curso dessa história horrível e vê-lo quando eu quisesse, falar com ele, contar-lhe um pouco mais sobre a vida e as pessoas. (…) Mas agora eu teria de defender meu filho. Tudo o que eu queria era me esconder, fugir ou chorar nos braços de minha mãe, descansar a cabeça nos ombros de minha mulher.”

Atualizado em: 03/05/2023 na categoria: Modelos de Documentos